DIARRÉIA DOS BEZERROS A VÍRUS!!!

24/04/2011 20:54

É a maior causa de diarréia e enterites em aves, mamíferos e homem. Podem causar infecções sub-clínicas e até quadros severos , levando o animal à morte. Acomete principalmente animais entre um e três dias de vida.

Etiologia

Rotavírus: gênero da família Reoviridae, simetria icosaédrica, RNA vírus, não envelopados, com cápside espessa, resistentes a grandes variações de pH (3 a 9), resistentes à tripsina.

Epidemiologia

Raramente ocorrem isoladas, existem associações entre Rotavírus, Coronavírus e E. coli, causando diarréias e enterites.

Período de Incubação: de 1 a 3 dias; são excretadas 10 ¹¹ partículas virais/g de fezes.

Transmissão

  • fecal/oral.
  • água e alimentos contaminados.

    Morbidade: 5 a 80 %.
    Mortalidade: 5 a 80 %.

    Essas taxas variam na dependência da virulência do agente, da amostra, das condições do animal, das associações entre os agentes, das condições de higiene e manejo. Quando apenas o Rotavírus é o agente, a infecção é mais branda; existindo associações o quadro torna-se mais severo.

    Patogenia

  • Porta de entrada via oral: Ocorre multiplicação do agente na cavidade oral
  • instalação do agente nas vilosidades do intestino delgado (céls. Colunares) e multiplicação
  • degeneração e morte das células
  • as céls. Degeneradas caem na luz do intestino e são substituídas por céls. Cubóides (imaturas)
  • ocorre diminuição das vilosidades e consequente diminuição da absorção de nutrientes . as céls cubóides têm pequena quantidade de enzimas e lactase (não conseguem absorver o Na+ da luz intestinal) . A luz intestinal torna-se rica em Na+ e lactose
  • ocorre perda de água das células para a luz intestinal
  • diarréia líquida e profusa.

    Sinais clínicos

  • desidratação.
  • acidose.
  • anorexia.
  • apatia.
  • diarréia líquida e profusa.

    Patologia Macroscópica

  • aumento de líquido na luz intestinal.
  • leite não digerido por falta de lactose.
  • mucosa intestinal inflamada ou não.

    Patotogia micro-histopatológica

  • atrofia de vilosidades.
  • substituição do epitélio por células cubóides.

    Resposta Imune à Infecção

  • Presença de anticorpos circulantes contra o Rotavírus está presente em todos os animais.
  • O vírus é um agente oportunista.
  • Os anticorpos que propiciam imunidade são os anticorpos de mucosa (IgA), anticorpos locais.
  • Anticorpos secretados no colostro são os mais importantes para a imunidade do neonato, eles decrescem 10 vezes após 48 horas (pouca durabilidade).

    Diagnóstico

    Clínico: a sintomatologia não é patognomônica.

    Laboratorial

  • Detecção do vírus ou antígenos virais: visualização > coleta-se fezes ou fragmento intestinal e leva-se à microscopia eletrônica. Pode-se também usar a imunofluorescência com o fragmento do intestino.
  • Isolamento ou anticorpo marcado fluorescente.
  • Detecção de anticorpos por amostras pareadas: colhe-se uma amostra de sangue para sorologia no início dos sintomas. Faz-se uma segunda coleta 15 dias após a primeira e se o nível de anticorpos for maior, o diagnóstico é Rotavirose.
  • Isolamento: colhe-se 30 g de fezes ou fragmentos do intestino lesionado (coletar com urgência), faz-se inoculação em cultura de células; se for um surto, coletar de vários animais. O material pode ser congelado ou refrigerado, o vírus é resistente.

    Tratamento:

     É apenas sintomático; o animal deve ser colocado em ambiente ventilado, não frio, fluidoterapia, antibioticoterapia contra infecções secundárias.

    Prevenção

  • Fornecer colostro (IgA).
  • Vacinação: no animal jovem não é eficaz (anticorpos contra a vacina).

    Em adultos vacina-se a fêmea no final da gestação, porém é pouco eficaz.

    Medidas de Controle

    Isolamento e tratamento de animais doentes.
    Medidas de higiene (roupas, botas, bebedouros, instalações).
    Educação sanitária dos trabalhadores.
    Destino adequado de excretas.

     

    Dr. Renato Faria Sanches
    Médico Veterinário

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