ABERDEEN ANGUS

Generalidades
 
O berço da raça angus é a Escócia e seu nome foi tomado dos condados onde começou seu desenvolvimento: Aberdeen e Angus. A história registra a existência dos "vacuns mochos pretos", no condado de Angus, antes do século XVI e sua origem é tão remota que é impossível precisar como e quando apareceram. O primeiro reprodutor aberdeen angus a entrar no Brasil foi o touro Menelik, em 1906, da criação de Felix Buxareo y Oribe, do Uruguai. O touro foi importado pelo pecuarista Leonardo Collares Sobrinho, de Bagé, município situado na Fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai.
 
Padrão da raça
 
- Cabeça: de tamanho médio, pouco alongada, de perfil entre ligeiramente côncavo a reto. "Poll" bem definido, especialmente nas fêmeas. Olhos amplos, bem separados. Orelhas de tamanho médio nos machos e grandes nas fêmeas.
- Pescoço: de comprimento médio com musculatura firme.
- Corpo: comprido, de profundidade média, dorso e lombo amplos e compridos, quartos muito amplos, pernas amplas, grossas e cheias.
- Pele: de espessura fina a média, de pêlos finos, curtos e densos.
- Cor: preto ou vermelho. Os pêlos brancos com pele clara. O úbere pode ter manchas brancas, desde que abranja parcialmente sua superfície.
 
Aptidões
 
O aberdeen angus se destaca ente as raças taurinas por reunir um grande número de características positivas que lhe asseguram um excelente resultado econômico como gado de corte. O conjunto de suas características a torna uma raça completa. São encontrados dois tipos de animais, segundo a cor do pêlo: o preto (black angus) e o vermelho (red angus).
 
Na busca de uma pecuária mais eficiente, quando se planeja um cruzamento, o produtor deve ter em conta não só a utilização de novilhos pesados e precoces, mas também de fêmeas de reposição que tenham alto índice de habilidade materna, períodos entre partos curtos e altas respostas reprodutiva, quanto à repetição de crias. Através de sua fertilidade, o gado angus proporciona aos seus criadores um grande rendimento, tanto pelo número de bezerros nascidos, quanto pela quantidade de quilos obtidos por hectare. A longevidade, associada à fertilidade, representa ao final mais crias produzida.
 
Segundo a Associação de Criadores, em comparação com outras raças, o aberdeen angus têm demonstrado que, nas mesmas condições alimentares, atinge mais cedo a puberdade e o estado de abate. A precocidade do angus reflete-se no abate de novilhos jovens, que, além de uma necessidade mercadológica, é fator fundamental de uma pecuária de retorno mais rápido.
 
A rusticidade é facilmente identificada pelo grande número de animais (macho e fêmeas) espalhados pelas varias regiões de clima diferentes do país, mantendo suas qualidades inalteradas. O angus mostra maior resistência a enfermidades, grande adaptação às condições ambientais dos territórios onde é criado, seja com temperaturas estremas, altas ou baixas, solo seco ou alagadiço, campos altos ou abrigado pastagens ricas ou pobres. Mesmo em situações adversas, as fêmeas angus produzem bezerros e os amamentam adequadamente, nem que para isso tenha que sacrificar parte de sua "gordura marmorizada". A facilidade do parto gera um terneiro de porte médio, não muito pesado ao nascer; o ventre angus tem reduzido desgaste na parição, o que abrevia a sua recuperação pós-parto, favorecendo a repetição de cria e diminuindo o intervalo entre partos.
 
A qualidade de carne é um dos atributos excepcionais da raça aberdeen angus, garantindo-lhe uma posição de liderança, evidenciada através da opinião de autoridades do setor, e confirmada nos mais diferentes concursos realizados nos principais mercados produtores. O aberdeen produz um animal com alta qualidade de carne, apropriada não só para o mercado interno, como também para exportação: este animal apresenta de 3 a 6 mm de gordura (exigências européias) e sua carne é marmorizada (gordura entremeada na carne). A perfeita e uniforme distribuição da gordura no tecido muscular lhe confere um aspecto muito mais atraente, maciez e sabor singular.
 
Cruzamento industrial
 
Os cruzamentos industriais estão cada vez mais difundidos na pecuária. A raça aberdeen angus tem participado destes cruzamentos porque imprime nos seus descendentes maior fertilidade, rusticidade e velocidade no ganho de peso. Existem três esquemas alternativos de cruzamentos industriais, tendo sempre como base a utilização de aberdeen, na variedade preta ou vermelha.
 
Sistema alternativo com duas raças
 
É um sistema simples em que se deve usar a raça aberdeen angus com qualquer outra raça, seja da espécie taurina ou zebuína. Utiliza-se o touro angus com a raça B, vendendo-se os novilhos e conservando-se as novilhas. As novilhas meio sangue serão cruzadas com a raça B e os ventres desse cruzamento novamente com angus.
 
Sistema Tricross Rotativo
 
No sistema rotativo com três raças, coloca-se um touro zebuíno sobre ventres aberdeen. Os novilhos são vendidos. As novilhas serão conservadas para cruzamento com uma raça taurina européia, compatível com o tamanho do aberdeen. As filhas do cruzamento com o europeu serão acasaladas com angus, cujos descendentes voltam com o zebuíno.
 
Sistema Tricross Terminal
 
No tricross terminal, usa-se o touro aberdeen angus numa raça zebuína ou taurina européia compatível com ele. As filhas deste cruzamento são conservadas na propriedade para serem acasaladas com uma raça C, ou terceira raça. Essa terceira raça deve ser, de preferência, de grande porte, porque todos os animais, machos e fêmeas, irão à venda. Nesse sistema é preciso ter sempre a raça angus mais outra, porque as filhas do terceiro cruzamento são eliminadas da propriedade.
 
Ganho de peso
 
O ganho de peso de terneiros, do nascimento ao desmame, é altamente dependente das condições alimentícias. No cruzamento de aberdeen angus com diversas raças, constatou-se aumento de 5 a 15% de heterose para peso ao desmame, o que destaca a maior habilidade materna da vaca cruza. A produção de novilhos é largamente afetada pelo cruzamento e apresenta variações positivas de 4 a 15% no ganho de peso diário, de 0,5 a 3% no rendimento de carcaça fria, de 0,5 a 2% para os dados de tipificação de carcaça.
 
Melhoramento genético
 
Um programa visando o melhoramento genético de bovinos de corte é realizado anualmente pela Associação Brasileira de Criadores de Aberdeen Angus, em conjunto com outras entidades. Este programa utiliza o Teste de Avaliação a Campo de terneiros angus. Os animais iniciam o teste com idade média de sete meses, mantidos em campos nativos e em pastagens cultivadas. Quando da conclusão do programa, são pesados e avaliados em suas performances. Para serem aprovados, além do ganho de peso, os animais devem superar parâmetros de características raciais, tamanho corporal, conformação muscular, aprumos, reação ao ambiente e potencial de cobertura.