BLOND D' AQUITAINE

Generalidades

Não existem dados suficientes para discutir a origem desta raça francesa, embora existam diversas variedades nos vales dos Pirineus. Depois da incrível mortandade registrada em 1775, devido a uma rara epizootia, foram introduzidos animais das raças rubia pirenaica, limousin e salers para recuperar o gado local das montanhas e platôs geralmente de pastagens pobres (FAO, 1967).
No início do século XIX, o gado de "Garonnais" ocupava uma vasta zona, com variedades bovinas como a agenais, marmandais, quercy e os tipos de montanha. A seleção começou em 1820, eliminando-se as variedades, restando apenas a legítima garonne. Para melhorar a precocidade e as características funcionais, os criadores franceses voltaram a fazer cruzamentos na segunda metade do século XIX, importando touros shortorn, em 1860.
Como os shorthorns não se prestavam ao trabalho, os produtores trataram de cruzar o gado com a raça charolesa, em seguida abandonada e substituída pela raça limousin. No final do século XIX, a raça se dividiu, surgindo a raça quercy (com forte influência de limousin) e a própria garonne (sem influência do limousin).
Segundo a FAO, a raça blonde d'aquitaine resultou de uma fusão ente garonne, quercy e blonde, que deveria ser denominada blonde du sudouest, mas isso não se verificou. A raça limousin, pelo contrário, ganhou total independência. Ironicamente, a raça era apelidada de "coquetel General de Gaulle".
O habitat do gado amarelo-avermelhado dos Pirineus encontra-se no externo sudoeste da França, delimitado pelas margens do rio Garonne, Burdeos, Périgord, Quercy e Gascogne.
No Brasil a raça adaptou-se bem. Eduardo Cotrim registrou, em 1913 que a raça garoneza garantia bons produtos quando cruzada com o caracu - base da pecuária na época. Os experimentes eram poucos. A raça voltou a ser introduzida em 1972, surgindo corno alternativa na Exposição de Esteio (RS). Existem dois estudos de formação de raças pelo cruzamento de blonde com caracu: e a aquitânica e a tropicana (3/8 blonde d'aquitaine e 5/8 caracu), esta ultima iniciada a partir de 1994, pelo pecuarista José Eduardo Rocha Cabral (PR).
Características
O blonde é um animal de porte, apto para o trabalho, com excelente taxa de crescimento, que vem cedendo lugar a um formidável animal de corte. O rendimento leiteiro é de cerca de 1.000 kg por vaca, com 3,5 - 4,2% de teor butiroso. O rendimento de carcaça é compensador (acima de 60-65%), com carne muito apreciada, levando a raça a ganhar, constantemente, novos mercados. A vaca pesa entre 700 a 800 kg os machos entre 1.000 e 1.200 kg.
Padrão da raça
A pelagem é de uma só cor: parda variando até o ligeiramente vermelho ou do amarelo é claro até o amarelo escuro. O pelo é suave e curto, mas nunca eriçado. Condenam-se as manchas brancas, negras ou de cor vermelha escura, nas extremidades, na parte inferior do abdômen e nos flancos. A pele é flexível, de grossura media e coloração rosada, sem pigmentação negra ou castanha em torno dos orifícios naturais. Os chifres são horizontais, encurvando-se para baixo e adiante, mas as pontas podem dirigir-se para frente ou para trás, com coloração amarelada, e com a ponta escura, mas nunca negra.
Cruzamento industrial
A Embrapa, em São Carlos (SP), realizou um experimento com 18 animais de várias raças, com dieta de 13% de proteína bruta e 70% de NDT. Ficou evidente que ó cruzado blonde x nelore apresenta animais com peso inicial de 275 kg e, em 64 dias de confinamento, terminando com 405 kg (15,8 arrobas) - um g4o diário de 1,9 kg; no abate, tiveram um rendimento de 58,5%.
Em Ilha Solteira (SP), na Universidade Estadual Júlio Mesquita Filho, foi realizado outro experimento onde o peso inicial de animais 3/8 nobre e 5/8 blonde era de 405,7 kg. O peso final foi de 511,1 kg, com ganho diário de 1,35 kg e taxa de conversão de 8,3 kg MS/kg de PV. A carcaça pesou 285,6 kg (19,026 arrobas), com rendimento de 55,85%.
Já em confinamento orientado pelo Instituto de Zootecnia de Sertãozinho (SP), na Fazenda Bethânia, o peso inicial de animais castrados era de 405 kg, terminando ode 535 kg, com um ganho de 1,16 kg/dia em dieta de 12% de proteína bruta e 66% de NDT. Os animais inteiros, entre 20 e 24 meses, iniciaram com 347 kg, terminando em 509 kg, com ganho diário de 1,572kg.
Melhoramento genético
A inseminação artificial e a transferência de embriões são ferramentas largamente utilizadas por melhoradores do blonde e, a exemplo do Mida Test na França, os criadores nacionais usam o teste de progênie e o rigor na escolha de qualquer animal para ser reconhecido como melhorador da raça. Produtores de blonde têm procurado realizar pesquisas de desempenho no Brasil, ao mesmo tempo que surgem novos criadores que promovem importações de material genético cujo resultado final é enriquecer o patrimônio brasileiro.
Desde muitas gerações, o blonde vem sendo selecionado para um animal especializado no desenvolvimento estrutural e muscular, com a transformação rápida de alimentos em carne de qualidade. Na origem, sempre foi selecionado com destaque para a precocidade sexual, fertilidade, habilidade maternal e funcionalidade dos animais. Nos testes e pesquisas verifica-se, em média, uma taxa de conversão entre 5,3 e 6,0 kg de (MS/KG/kg) matéria seca por quilo de ganho de peso e um rendimento no abate entre 58 e 60%. O blonde tem sido apontado como boa escolha em ambientes de elevada temperatura, para ser criado em regime de campo.