Generalidades
A raça charolesa já existia há mais de 50 anos a.C., onde evoluiu lentamente no passado, e com muita rapidez no século XX. O gado habitava a comarca de Charolais, na região central da França, entre os fios Loire e Sâone.
No Brasil, o charolês teve sua porta de entrada em Pelotas, no Rio Grande do Sul, em 1885. Nesta data dois reprodutores foram importados da França, pelo Governo Imperial, sob a influência de um médico veterinário francês, Dr. Claude Rebourgeon. Na época, Pelotas concentrava todos os estabelecimentos industrializados de carne no estado: as charqueadas.
Características
A raça é especializada em produzir grande massa muscular, com pequena capa de gordura, associando sua qualidade rústica e adaptabilidade a uma variedade climática do frio ao subtropical.
Um gado precoce e especializado em carne, destacando-se pelo grande rendimento de carcaça, estrutura física (conformação), com preponderantes características raciais e maturidade sexual.
O desenvolvimento muscular se traduz em produção de carne, onde o esqueleto é o principal membro para essa referência.
Destacam-se os principais aspectos da raça:
- Fertilidade: desde sua chegada tem vivido e se multiplicado fortemente com destaque para o campo;
- Habilidade materna: As mães criam seus bezerros no campo, isso por mais de 100 anos, desmamando-os com peso médio de 200 kg (6-8 meses);
- Grau de crescimento: por ser a campo, a raça pura se desenvolve muito rápida, em especial, para os animais cruzados;
- Eficiência de conversão alimentar: o tempo de desmame para o abate é menor;
- Longevidade: Existem vacas com idade superior a 10 anos com freqüência no campo, produzindo e desmamando bezerros pesados anualmente;
- Qualidade de carcaça: devido ao grau de crescimento multo rápido, desempenho na conversão alimentar, esses animais são abatidos mais jovens. O esqueleto é mais desenvolvido e produz carnes nobres, em melhores qualidade e quantidade.
Todos esses fatores estão ligados intrinsecamente; com isso o manejo do gado os toma mais eficaz em suas crias, beneficiando os efeitos da seleção genética. A carne do gado charolês é uma das mais saudáveis, com pouca gordura e baixo colesterol. A raça está ente as três mais importantes para a produção de carne bovina e é utilizada nas variadas modalidades de cruzamentos, visando o ganho de peso destacando o seu rendimento na carcaça.
Padrão da raça
A linhagem brasileira é resultante de três padrões distintos: o francês (animais de maior massa muscular), o inglês (gado mais elevado, mais comprido, mais moderno); o argentino (intermediário entre os tipos francês e inglês). Originou, assim, o charolês de pelagem clara e grande porte.
No mercado brasileiro, o charolês destaca-se pela boa altura e comprimento, pêlo curto, distribuição muscular harmônica, sem acúmulos de gordura, boa estrutura óssea, aprumos equilibrados e a capacidade reprodutiva avaliada por testes e exames adequados.
Tem pescoço musculoso; órbitas e olhos grandes; a testa e o focinho são largos; as guampas de cor marfim com pontas bege escuro; nos machos a nuca é mais forte com cornos grossos e curtos; o focinho é rosado.
Cruzamentos
Atualmente existe mais de quatro milhões de charolês distribuídos em mais de 70 países, nos cinco continentes e sob os mais variados climas. No fim do século passado, a raça recebia elogios aqui no Brasil, e os cruzamentos eram praticados com raças britânicas, hereford e durham.
Através do inglês Jacques Charmond, que aplicou os seus conhecimentos para o melhoramento da raça, inicialmente, foram cruzados animais shortorn brancos de corte, fazendo seleção de precocidade e qualidade de carne. Com aptidão tripla: carne, trabalho e leite, a raça foi especializada em carne a partir do século XX.
No Brasil, a Cabanha Rodeio Bonito, Júlio de Castilhos-RS, obteve através de suas importações o seu primeiro Puro de Pedigree charolês, oficializando aos 4 meses de idade sua mutação genética. Animal sem chifres, filho de pais aspados, fixando no país a variedade mocha.
Hoje com um plantel de 1.700 mil cabeças, o charolês está presente em toda a região Sul, e é uma ótima opção para o cruzamento com as raças zebuínas.
O Promebo (Programa de Melhoramento de Bovino de Corte) e o CDP (Controle de Desenvolvimento Ponderal) são os dois modelos, basicamente, que cuidam do melhoramento genético dos bovinos da raça charolesa, aqui no Brasil. Esses dois programas realizam testes de avaliação a campo e a seleção dos animais, nas cabanhas, sob o comando da Associação Brasileira de Criadores de Charolês - A B C C, que promove o trabalho, objetivando um contínuo melhoramento genético da raça, buscando melhores adequações aos pecuaristas e às exigências das condições ambientais. Com um trabalho genético sério e persistente, altamente produtivo nos cruzamentos, principalmente na região do Brasil Central, onde está o futuro da produção de carne, a A B C C coroa, assim, a qualidade da raça.