MERTOLENGO

Origem
O nome de Mertolengo para a raça de bovinos em questão está directamente associado à povoação de Mértola, uma vez que os bovinos que existiam na região, por serem diferentes dos vizinhos, assim conduziram a esta designação (Frazão, 1961).
É uma raça de regiões edafo-climáticas severas, do ponto de vista do ambiente envolvente: clima e orografia, tipo de solos, qualidade e quantidade da pastagem natural.
Para Bernardo Lima (1873): um “alentejano” pequeno, bem adaptado aos cerros de magras pastagens e duros carregos. Rijo para carrear e lavrar nas encostas e serras e produzindo o melhor boi de cabresto. Existindo no Baixo Alentejo, nas terras de Mértola, Alcoutim e Martinlongo.
Das explicações dos diversos estudiosos da raça Mertolenga, salta como reflexo directo da utilização do Mertolengo original “vermelho” e do Mertolengo importado “malhado do Baixo Guadiana”, a permanência da geneticamente forte cor branca, dando origem ao Mertolengo rosilho mil-flores (que veio completar a componente “ruão” da raça bovina Mertolenga) e que rapidamente se expandiu pela região de Serpa e Évora, pela conjugação de vantagens parciais dos outros dois tipos que tiveram como local de solidificação racial a Herdade da Abóboda, devido ao esforço de vários entusiastas e conhecedores, dos quais destacamos: Dr. António Bettencourt e Dr. Isaías Vaz. Este último como Secretário Técnico da Raça, numa fase de turbulência Nacional, conseguiu o grande feito de uniformizar, dentro da sua especificidade, os três fenótipos Mertolengos.
Actualmente, a Raça tem 3 fenótipos distintos, o vermelho ou unicolor, o rosilho, e o malhado.
Os animais desta raça caraterizam-se por terem tamanho mediano, formas harmoniosas, esqueleto fino e o contorno das aberturas naturais e mucosas de cor clara.Têm temperamento nervoso e andamentos fáçeis e enérgicos, são muito rústicos, bem adaptados e de grande longevidade produtiva. Outras características que os definem são cornos finos, brancos, escuros na ponta, de secção elíptica, em forma de gancho, acabanados ou em lira baixa , e cabeça de tamanho mediano, de fronte larga, e perfil sub-convexo ou recto.
Em Março de 2004, o efectivo nacional incluia 16255 fêmeas reprodutoras inscritas no Registo Zootécnico e Livro Genealógico (RZ/LG), distribuindo-se pelos distritos de Castelo Branco, Leiria, Santarém, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja e Faro. Nas zonas geográficas definidas pelas bacias
hidrográficas do Sado e Tejo predonimam os efectivos de pelagem vermelha e vermelha bragada. Nas regiões de Portalegre, Évora e Beja predominam os efectivos de pelagem rosilho e rosilho mil-flores, ficando os efectivos de pelagem malhada, na sua maioria, na margem esquerda do Guadiana.