NELORE

Generalidades

O nelore tem sua origem em um distrito, de mesmo nome, da antiga Província de Madras, Estado de Andra, situado na Costa Oriental da Índia, banhado pelo mar de Bengala. Mas a história do nelore é anterior. Ela começa com o deslocamento dos povos arianos, há dois mil anos antes da era cristã. Foram os arianos que levaram os animais para o continente indiano, onde viveram em diferentes situações de clima e de temperatura.

 
O primeiro registro de nelore no Brasil aconteceu em 1868 quando um navio, que se destinava à Inglaterra, ancorou em Salvador com um casal de reprodutores a bordo: estes acabaram sendo comercializados. Aos poucos a raça foi se expandindo.
 
Hoje o nelore está presente em todos os confinamentos do país e é a principal raça utilizada para cruzamentos industriais.
 
Características
 
O nelore é um animal adaptado às condições dos trópicos, enfrentando os períodos de seca que duram até seis meses, alimentando-se de pasto de braquiária decumbens, de baixa qualidade, e enfrentando os ecto e endoparasitos, além de sobreviver, crescer e reproduzir.
 
Sua concentração é na região Centro-Oeste, onde tem produtividade intensa. As fêmeas parem com extrema facilidade; criam os seus bezerros e continuam produzindo ate os 20 anos de idade. É uma raça rústica, fértil, prolífera, longa vida reprodutiva e resistente às doenças comuns nessa região.
 
As vacas têm boa habilidade materna, com inclinação natural na garupa, além de uma boa angulosidade e boa abertura pélvica, que facilita o parto e elimina a incidência de partos difíceis.
 
Os animais se destacam por sua maior superfície corporal, em relação ao seu peso, o que significa uma área maior para irradiação do calor. Um fator importante é o seu baixo nível de metabolismo: alimenta-se menos e por isso gera menos calor. O rendimento do rebanho é uma resultante da média das heranças individuais e do ambiente.
 
Esse gado possui muita eficiência na reprodução. É uma característica inerente à raça e abrange desde os plantéis selecionados até o rebanho comercial. A vaca nelore produz um bezerro e dá condições dele viver até o desmame; produzindo muito leite nas condições de pastagem do Brasil Central.
 
A precocidade sexual é outra característica que vem sendo comprovada; os índices de mortalidade são baixíssimos, na ordem de 2,5 a 3%. Os bezerros a campo nascem com 30kg em média e são desmamados entre 190 e 200 kg.
No aspecto da conversão alimentar (que é a palavra chave na pecuária de corte), a raça é imbatível.
 
Outro destaque da raça é a carcaça, aprovada há muitos anos pelos consumidores brasileiros e estrangeiros. Tem a cabeça pequena, aparelho digestivo menor e couro mais fino, ou seja, mais leve. Todos os cortes na carcaça são desossados e aparados de gordura, em suma, a própria carne.
 
No caso do nelore a porção comestível gira em torno de 70%. Seu traseiro é proporcionalmente maior que o dianteiro, que lhe assegura maior percentual de carnes nobres.
 
 
Padrão da raça
 
O nelore tem pêlos curtos, finos e lisos que auxiliam na eliminação do calor. A pelagem branco-cinza, e a pele preta apresentam um conjunto de propriedades físicas de refletir, absorver, irradiar e filtrar as diversas radiações solares dos trópicos. É um animal que possui bons aprumos, cascos e ligamentos firmes, umbigo curto, vergalho bem direcionado, com testículos largos, bem conformados e curtos.
 
Cruzamentos
 
O nelore sempre foi referência para o cruzamento industrial com bovinos de origem européia, ou mesmo touros nelores com vacas nelores. A Associação dos Criadores de Nelore do Brasil garante que a carne do nelore é mais barata e de boa qualidade. Além de ser uma maneira rápida e segura de crescer o rebanho e alcançar índices de alta produtividade, os cruzamentos com nelore permitiram a formação de raças sintéticas, somando as qualidades de adaptação climática e rusticidade.
 
A heterose (taurinos x zebuínos) também acontece entre as diferentes famílias e linhagens da raça nelore que é grande produtora de carne, necessitando apenas de um trabalho eficiente de seleção de reprodutores e matrizes. Essa seleção já acontece com as entidades de classe, ensino, pesquisas e de criadores, ou mesmo os próprios pecuaristas começam a aprimorar seus rebanhos.
 
Ganho de peso

 

 
O ganho de peso desta raça é uma característica de alta herdabilidade (40%) e nos últimos anos os criadores buscam esse objetivo, através da seleção. Os pesquisadores já constataram a potencialidade do nelore para ganhar peso e acrescentar mais carne nos seus descendentes.
 
A Estação Experimental de Sertãozinho, do Instituto de Zootecnia de São Paulo, onde anualmente são testados touros da raça nelore para ganho de peso, constatou um acréscimo de 20 kg por geração (4,5 a 5 anos), dos pais em relação aos filhos.
Ou seja, os animais pesam 60 quilos a mais em relação aos seus antepassados.
 
Melhoramento genético
 
Na região do Brasil Central está situado um dos maiores rebanhos de nelore do Brasil, onde se desenvolve o maior Programa de Melhoramento Genético do mundo em zebuínos.
 
A evolução do nelore se deve muito às diversas provas, aos programas de avaliação e ao trabalho das principais entidades ligadas à raça. Atualmente ela vive um momento de grande evolução, onde cada vez mais os criadores se reúnem na busca de produtividade e do melhoramento dos seus rebanhos e a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ) e a (ACNB) promovem eventos e ações visando o melhoramento genético do nelore, tornando-o mais abrangente. Exemplo desse trabalho foi a publicação do Manual do Programa de Melhoramento Genético das Raças Zebuínas, em 1998, como auxílio para os criadores, uma parceria entre o Ministério da Agricultura e do Abastecimento juntamente com a (ABCZ).