NORDESTINO

O gado cavalar chegou ao Brasil durante o primeiro século de nossa colonização e o cavalo escolhido pelos colonos foi o Alter Real, que era descendente do árabe e do Barbo, que foram introduzidos na Península Ibérica na ocupação dos Mouros.

Chegados ao Brasil, esses animais espalharam-se, formando, no Nordeste, o cavalo Nordestino.

Apesar de haver muitas divergências a respeito da entrada dessa espécie no Brasil, alguns autores afirmam que os primeiros cavalos vieram, juntamente com outras espécies domesticadas, das Ilhas da Madeira e das Canárias, em 1534, por iniciativa da Dona Ana Pimentel, esposa de Martin Afonso de Souza.

Em 1550, Tomé de Souza mandou vir alguns animais de Cabo Verde, para a Bahia onde se multiplicaram naturalmente, adquirindo uma rusticidade necessária para a sua sobrevivência e espalhando-se por todo o norte do Brasil.

Conquanto não seja fácil responder de onde descendera o cavalo Nordestino, podemos aceitar ser ele um descendente do Cavalo Barbo Árabe, originário de Portugal e Espanha, de onde foi introduzido no Brasil Colônia.

No tipo morfológico do Cavalo Nordestino, é indubitável a influência do cavalo Barbo cujas características se assemelham bastante: orelhas mal dirigidas, garupa caída, cauda em inserção baixa e, sobretudo, o perfil ligeiramente convexo são como um selo inegavelmente aposto do Barbo que o cavalo Nordestino transporta consigo e transmite aos seus descendentes.

O "habitat" do cavalo Nordestino, como o próprio nome já revela, é a Região Nordeste seca de todo o Brasil, notadamente nos Estados da Bahia, Pernambuco, Ceará e Piauí, onde se localizam os maiores rebanhos.

Na caatinga agressiva, esse animal presta relevantes serviços à economia da região que habita, não só pelo transporte de cargas, como também no de pessoas, vencendo longas estradas e caminhos sinuosos, por terrenos sempre ásperos, onde pisa firme e aprumado, sobre cascos rígidos e pequenos, regularmente adaptados à dureza da terra.

E o mais eficiente colaborador no cuidado dos rebanhos, nos trabalhos de campo, submetendo-se às mais duras provas de sobriedade e resistência. Realmente quem conhece de viso, ou mesmo de descrição, as loucas corridas do vaqueiro montado em seu cavalo por entre espinhos e cipoais da caatinga, ou do mato cerrado, com o casco desferrado sobre o pedregulho, curtindo a fome e a sede, sob o sol ardente ou a chuva inclemente em busca da rês desgarrada, sem que jamais apresente o menor cansaço, é que pode aquilatar o valor indiscutível do Cavalo Nordestino, cujo físico está longe de deixar suspeitar tão surpreendente energia.